sábado, 22 de junho de 2019

Desapego para seguir

 Perdas, separações e processos de luto são sempre dolorosos. Quando há apego ao passado, dói ainda mais. Naturalmente, quando amamos algo, nos apegamos pela ilusão de que aquilo nos pertence. É preciso resolver essa questão do apego para seguir em frente na vida. 
  O que é apego? Apego é a criação de um vínculo afetivo com outra pessoa, e acontece pois necessitamos das sensações de conforto, segurança, aprovação, aceitação e completude. A formação desse vínculo emocional serve para sustentar esses sentimentos e se dá quando criamos intimidade e dividimos a vida com alguém. Trata-se de uma necessidade biológica por uma questão de sobrevivência, isso ocorre desde que somos bebês e desenvolvemos os primeiros vínculos com nossos cuidadores. 
 Criamos uma realidade interna a partir das nossas relações, e desconstruir essa realidade é doloroso, afinal, acaba sendo parte da gente. Aprender a desapegar é voltar a si para fazer o caminho de volta para casa. É libertar-se da dependência do vínculo para abrir espaço no coração e construir novos vínculos afetivos e uma nova forma dese relacionar consigo também. Após uma perda, ao nos libertarmos de tudo que foi vivido, também nos transformamos. 
 Como desapegar para não sofrer tanto? 
 Segundo os ensinamentos de Krishnamurti: " Onde a apego, há medo. Para ficarem isentos de medo, vocês têm que conhecer a si mesmos, as suas ilusões e vaidades, e perceber sua própria vacuidade de ser, precisam libertar a mente do fardo da crença, da ânsia, da esperança e da lamentação."
 Você pratica o desapego quando:
   # responsabilizar-se por sua parte na perda e em todas as questões da sua vida; 
   # viver focado no presente e aceitar a sua realidade; 
  # buscar libertar-se e permitir que os outros sejam livres também; 
  # aceitar que perdas acontecem e fazem você crescer e abrir espaço para buscar novos horizontes.  

 Viver é fazer a travessia. Caminhamos por essa ponte chamada vida e levamos nossos afetos conosco. Chegamos a alguns pontos da ponte em que certas pessoas não estão mais do nosso lado, e isso é o viver. Há de se seguir na ponte sem medo do que será encontrado ao longo do caminho. Sempre haverá alguém por perto, e o que vem pela frente é um mundo de novas possibilidades. 
 Do outro lado da ponte tem um horizonte. Quando caminhamos conscientes e podemos ao longo do percurso fazer mudanças, dar passos mais devagar, outras vezes mais largos, mas sempre em frente, estamos na direção da nossa vida e desapegados do que já não tem mais vida. Quanto mais nos libertamos das ilusões e conhecemos o que nos faz bem, o que somos o que nos faz felizes, seguimos refazendo vínculos cada vez mais saudáveis, alinhados com o que somos e acompanhando as nossas transformações. 
 Você, somente você é o viajante da sua própria travessia, caminhe liberto do medo. Não pare, e contemple a vida durante toda a travessia. 

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